Hoje, quando olhei para o pôr do sol, senti uma calma difícil de explicar. A cidade ainda corria lá fora, as buzinas não paravam, as pessoas seguiam com pressa, mas por dentro parecia que o tempo tinha desacelerado só pra mim. Havia silêncio, mesmo no meio do barulho. Um silêncio que não vem de fora, mas de dentro.
O céu se pintou de cores quentes, e eu fiquei ali parada, como se fosse a primeira vez que via o entardecer. Engraçado como a gente se acostuma com as coisas e esquece de sentir. Todo dia o sol se põe, mas quase nunca paramos para olhar. Quase nunca deixamos que ele nos atravesse.
Enquanto observava, pensei nas milhares de histórias acontecendo ao mesmo tempo na cidade. Cada janela acesa guarda uma vida inteira: alguém que volta cansado do trabalho, alguém que espera uma ligação que não vem, alguém que ri alto numa sala cheia de amigos. E no meio de tanta pressa, de tantas urgências, esse mesmo céu cobre a todos de forma igual. É bonito e, ao mesmo tempo, melancólico.
O pôr do sol me deu paz depois de um dia cheio. Foi como um lembrete silencioso de que eu também posso descansar. Que não preciso estar sempre correndo, sempre produzindo, sempre pensando no que falta. O sol se despede sem pressa, e talvez seja isso que eu precise aprender: a me despedir do dia com mais leveza, a aceitar que nem tudo precisa caber nas horas que passam.
Fotografei esse momento para não esquecer do que senti. Mas a foto, por mais bonita que seja, não consegue guardar tudo. O que realmente importa é a sensação: o coração mais lento, a respiração mais profunda, a certeza de que ainda há beleza mesmo quando o mundo parece pesado.
Talvez seja isso que o pôr do sol tenha me ensinado hoje: que a vida não é só correria, barulho e concreto. Ela também é pausa, cor e silêncio. E eu não quero mais deixar passar despercebido aquilo que pode me devolver ao meu próprio centro.