Estive pensando sobre as situações da vida e o que muitos vivem: o favoritismo. Às vezes, dentro da própria casa, onde deveria ser o lugar mais seguro, a gente descobre um silêncio que pesa. Não é o silêncio das paredes, nem da rotina… é aquele silêncio que nasce quando você percebe que não importa o quanto faça, parece que nunca é o suficiente.
O favoritismo não se anuncia de forma escancarada. Ele vem em pequenas doses, quase disfarçado. Um gesto de carinho negado, uma palavra de incentivo que nunca chega, a diferença de tratamento que se repete até virar rotina. Aos poucos, vai deixando marcas invisíveis. A sensação de injustiça cresce junto com um vazio difícil de explicar.
Quando isso acontece, não é só a relação familiar que se desgasta. A autoestima também sofre. A gente começa a se questionar o tempo todo: “Será que eu não mereço o mesmo amor? Será que sou menos?” E mesmo sabendo, racionalmente, que o problema não está em nós, é inevitável carregar o peso dessa comparação silenciosa.
O favoritismo é cruel porque mina a confiança de quem o sente. E não é apenas dentro de casa que ele acontece. Quem nunca viveu algo parecido no trabalho, quando um colega parece ter sempre mais oportunidades? Ou até em grupos de amigos, quando um tem sempre o benefício da dúvida, enquanto o outro precisa se explicar mil vezes? A dor é parecida: a de não ser visto por completo, de ter sempre que provar o próprio valor.
Mas existe uma reflexão importante nisso tudo. O amor, seja de família, de amigos ou de qualquer outra relação, não deveria ser uma competição. Ele não é prêmio para quem grita mais alto, nem recompensa para quem erra menos. Amor é presença, é cuidado, é o simples ato de enxergar o outro como ele é. Quando ele é distribuído em doses diferentes, algo se perde: a confiança, a leveza, o sentimento de pertencimento.
E talvez essa seja a parte mais difícil: entender que nem sempre vamos receber das pessoas aquilo que gostaríamos. Que muitas vezes não está ao nosso alcance mudar o jeito de alguém enxergar. Mas o que está ao nosso alcance é não medir o próprio valor pelos olhos de quem insiste em não ver.
Se você já passou por isso, talvez se reconheça em algum trecho destas palavras. E, se for o caso, eu espero que você se lembre de uma coisa: você não é menos por ter recebido menos. O amor que faltou não define quem você é.
No fim, o que nos salva é aprender a ser o nosso próprio abraço, a construir relações onde haja equilíbrio, onde não exista espaço para hierarquizar afetos. Porque amor de verdade não faz diferença de lado, não pesa a mão em um e alega desculpas para outro. Amor de verdade é inteiro, é justo e é leve.
E se um dia você se sentir esquecido ou invisível, lembre-se: o problema não é você. O problema está na forma como o outro aprendeu a amar, ou deixou de aprender.
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