Às vezes a gente esquece a força que existe nos detalhes simples. Um cheiro que invade a casa, uma frase que alguém repete sem perceber, um objeto esquecido em uma gaveta. Coisas pequenas, que à primeira vista parecem banais, mas que, de repente, carregam dentro delas um mundo inteiro de memórias afetivas.
E é curioso perceber como, no meio da correria do dia a dia, deixamos escapar a grandeza desses instantes. Estamos tão preocupados com o que ainda não conquistamos, com os compromissos que nos esperam ou com a pressa do tempo que não volta, que não percebemos quando esses pequenos marcos acontecem. Só depois, quando o silêncio chega, entendemos: eram justamente esses momentos que guardavam o verdadeiro significado da vida.
As memórias afetivas não costumam nascer dos grandes feitos, mas dos gestos cotidianos. Um café passado de manhã cedo, o barulho da chuva batendo na janela, a gargalhada de alguém querido ecoando pela casa. Tudo isso parece simples demais na hora em que acontece, mas mais tarde é o que se transforma em eterno dentro de nós. É nesse depois que as lembranças ganham vida, quando um detalhe simples nos atravessa e nos faz reviver algo que parecia distante. Um perfume encontrado por acaso pode nos transportar imediatamente para um abraço antigo. Uma receita de família pode trazer de volta a sensação de estar sentado à mesa, cercado de gente que já não está mais ali.
Pra mim, esse poder se revela de forma muito clara através de algumas coisas, mas em específico por meio da música. Mais especificamente nas músicas do ABBA, que a minha mãe tanto amava. Sempre que escuto aquelas melodias, sinto como se um abraço aconchegante me envolvesse. É como se, por alguns instantes, a distância entre nós desaparecesse. Essas canções não me trazem tristeza, e sim alegria. Elas carregam a leveza de memórias felizes. É bonito perceber como algo aparentemente tão simples quanto uma canção pode carregar tanto, presença, carinho, afeto, eternidade.
Com o tempo, aprendi que as memórias afetivas são pequenas eternidades que a vida nos concede. Elas estão escondidas nos lugares mais comuns, esperando para serem relembradas. Às vezes chegam em forma de música, às vezes em forma de cheiro, de sabor ou de um gesto que alguém repete sem nem perceber. E quando elas voltam, não é apenas o passado que se faz presente. É também a lembrança de que o amor nunca se perde. Ele se transforma, ganha novas formas, mas continua vivo em nós. Talvez seja esse o verdadeiro poder das memórias: transformar o simples em eterno, fazer daquilo que parecia passageiro um pedaço de infinito.
Enquanto escrevo, percebo como é importante cultivar esses pequenos detalhes. Porque um dia, quando menos esperarmos, serão eles que darão sentido ao caminho percorrido. E aí eu fico pensando… quais são as pequenas coisas que guardam os seus maiores afetos? Qual música, cheiro ou gesto simples tem o poder de trazer de volta alguém que você ama?
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